segunda-feira, 28 de março de 2011

Repensar o PCdoB é preciso - Madson de Oliveira*

Saúdo em primeiro lugar, a todos (as) os (as) filiados (as) e militantes do PCdoB. Hoje completamos 89 anos de luta intensa pela democracia, soberania, justiça social e, principalmente pelo socialismo.

Saúdo também nesse momento reconhecermos coletivamente o esgotamento do modelo de construção partidária atual e, por conseqüência a necessidade de repensarmos o PCdoB do Paraná como um todo. Repensar as nossas frentes - Unegro, CTB, UJS, UBM -, repensar o nosso projeto eleitoral - eleições municipais até as eleições gerais - e repensar a nossa atual direção partidária. Saúdo também a disposição de todo o partido para enfrentarmos de frente, através de um debate aberto, essa grave e antiga situação pela qual estamos passando.

Penso que nesse momento a palavra de ordem seja Repensar. Vamos repensar quando perdemos a nossa autocrítica, a disposição de convencer e ser convencido, o debate a exaustão para construirmos coletivamente os encaminhamentos necessários.

Por isso, achar alguns “culpados” não resolve absolutamente nada e não nos levará a lugar nenhum.

Se nesse momento a palavra de ordem será Repensar, não menos importante devemos valorizar o termo Comprometimento. Comprometimento coletivo para a construção partidária, para que as deliberações sobre organização, projeto eleitoral, finanças...não caíam no esquecimento fácil, quando na verdade precisamos implementar as nossas decisões.

Projeto Organizativo, Financeiro...

As direções municipais, especialmente das grandes cidades e cidades polos precisam ser entendidas como nosso centro gravitacional. A efetivação da construção partidária ocorre nos municípios, por isso os nossos esforços devem ser nessa perspectiva.

1) Realizar acompanhamento de perto das grandes cidades e cidades pólos, através de membros do secretariado e coordenadores regionais das Macros, participando periodicamente das reuniões e demais atividades dos municipais;

2) Encontros anuais setoriais são fundamentais. Para o ano de 2011 realizarmos o 1º Encontro Estadual de Organização, o 1º Encontro Estadual de Comunicação e o 1º Encontro Estadual de Finanças, todos ainda no primeiro semestre, se possível;

3) Realizar debates bimestrais com os coordenadores das Macro-Regionais, mesmo que seja a distância, pois esse esforço é fundamental para materializarmos nossas ações e, fortalecer de forma geral as direções municipais do estado (concordo com a proposta do camarada Elton Barz, de possuirmos macros baseado na divisão política do Paraná);

4) Realizar o mapeamento de 100 filiados de maior potencialidade, para prepararmos futuros dirigentes partidários, dentro da proposta de política de quadros;

5) Planejarmos como ação de partido, a transição de jovens filiados da juventude para novas funções na estrutura partidária. Pois ainda é através da juventude nossa maior potencialidade de filiação partidária;

6) Para fortalecermos as nossas finanças, debate antigo e de difícil resolução, se faz necessário além das contribuições individuais e de cargos, implementarmos de acordo com nossa aprovação no Pleno de Abril de 2010 e, com todo o rigor estatutário, a contribuição por municipal. Somente com essa medida daríamos um salto nas finanças. (mas para isso exige comprometimento de todos);

7) Repensarmos as nossas frentes, além de debates específicos sobre Mulheres, juventude, Sindical e etc... o acompanhamento pelo partido é primordial. Hoje temos um exército de filiados via CTB e nunca discutimos com a Central como organizá-los. Precisamos discutir pra valer como o partido auxilia no fortalecimento da CTB. A CTB também pode e deve ser instrumento de estruturação do partido, mas não em uma relação de aperto financeiro do partido e, a entidade ajuda. Precisa ser estruturado e razoável para ambos os lados.

A UJS no estado precisa ser repensada com novas perspectivas. Viramos basicamente organização de disputa das eleições do M.E. e dos congressos da UPE e Upes. Precisamos de um projeto político e de estruturação financeira. Para superarmos o estágio da disputa pelas entidades.
As nossas frentes são instrumentos privilegiados de luta política, por isso devemos cuidar com muito zelo e comprometimento.

Projeto Eleitoral

Desde 1994 caminhamos com o mesmo projeto eleitoral, focado na disputa de deputado Federal. Mas desde 1998 esse projeto não logra êxito. Cada vez mais as eleições de deputado tornam-se regionalizadas e, com um estado com as diversidades culturais, econômicas e sociais que possuímos requer um novo modelo eleitoral.

1) Precisamos estabelecer como projeto prioritário para as eleições de 2014 a eleição de pelo menos um deputado estadual, através de chapa própria. Com isso teremos maior facilidade de atrair novas e sadias lideranças, facilitando o enraizamento partidário nas diversas regiões e cidades polos. (Com 50 candidatos precisaremos fazer um pelo outro a média de 3.400 votos para eleger um deputado);

2) Para atingirmos esse objetivo em 2014, devemos passar por 2012 sob um novo prisma também. Discutir seriamente, o mais rápido possível, em conjunto (municipal e estadual) se há possibilidades de candidaturas majoritárias em Curitiba, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Arapoti, Piraí do Sul e Francisco Alves;

3) Deliberar por chapa de candidatos à vereador em todas as grandes cidades ou cidades polos como: Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Guarapuava, Cascavel, Ponta Grossa, Cianorte, Colombo, São José dos Pinhais, Araucária, Francisco Alves, Piraí do Sul e Francisco Beltrão. Salvo uma particularidade muito forte ou quando já possuirmos mandato, pois pode haver outras possibilidades de manter o mandato;

4) Atenção redobrada e esforço concentrado para Curitiba;

5) Criarmos no secretariado o cargo de secretário de questões institucionais. Para podermos planejar projetos eleitorais com maior profissionalismo e capacidade de acompanhamento. Ex: planilhas de custo de campanha, planejamento de campanha majoritária e proporcional, estatísticas, relatório de realidade local e etc... (Se faz necessário um camarada com certa experiência na área);

Considerações finais

Uma nova direção deve ser composta na base das novas perspectivas que apontaremos. Mais representativa das visões distintas no interior do partido, com maior disponibilidade de atuação e, principalmente com feição de renovação.

Para obtermos êxito nesse desafio de Repensar o partido, se faz necessário encontrarmos saídas a partir de muito debate coletivo, disposição de encontrarmos entendimentos (por mais difíceis que possam parecer). Esses entendimentos também valem para a nossa relação junto ao Comitê Central.

A presença e mediação do C.C. é ponto crucial a construção dessa disposição. Não podemos pensar que somos uma organização desassociada e nem simplesmente receber fórmulas prontas. A superação para acontecer, se faz preciso mais do que nunca de comprometimento, centralidade política e debate para haver os entendimentos necessários. Qualquer imposição de um lado ou outro, estaremos fadados há um novo impasse, antes mesmo de superarmos o atual.

* Madson de Oliveira, é filiado ao PCdoB de Curitiba. Jornalista, é Secretário Estadual de Organização do PCdoB.