sexta-feira, 15 de abril de 2011

Caminhos a trilhar - Luiz Manfredini*

No período que separa as duas conferências deste ano – a extraordinária, dia 30 próximo, e a ordinária no segundo semestre – o PCdoB do Paraná, agora sob novos rumos e nova direção e certamente respirando uma atmosfera de renovação – melhor, de revolucionarização -, tratará da formulação do seu projeto político de curto e médio prazos.

O projeto, como já se disse nas páginas dessa tribuna, está relacionado à tática, cujo centro é a luta institucional, com ênfase no processo eleitoral. Assim, a tarefa central será estabelecer em quais municípios o Partido lançará candidatos nas eleições de 2012 e de que modo agirá, em cada um deles, para obter o melhor desempenho possível, tendo em vista também a disputa de 2014.

Tais definições deverão levar em conta que a atuação eleitoral do Partido integra um movimento de aproximação estratégica garantido pela articulação com duas outras frentes essenciais: o movimento social e a luta de idéias.

A dinâmica eleitoral possui características e demandas próprias, que devem ser encaradas com um profissionalismo que até hoje não existiu. A militância partidária e o movimento social e intelectual deverão ser a fonte de candidaturas. O Partido tem pagado preço alto por aceitar adesões suspeitas, meramente interesseiras da parte de “personalidades” e “lideranças” que pouco ou nada tem a ver com nosso campo de luta. O Partido, obviamente, não se fechará, mas não escancarará suas portas - indiscriminadamente – eu diria mesmo, oportunisticamente .

O artigo do camarada Elton Barz avançou em importantes considerações específicas da nossa tática eleitoral no Paraná, de modo que não vou repeti-las. Estou de acordo com elas.

Partido forte

No contexto dos processos eleitorais vindouros será fundamental construir e colocar em ação um partido forte, organizado, amplo, extenso, bem formado, interagindo permanentemente com a sociedade, sustentado por um poderoso núcleo de quadros política e ideologicamente firmes. Somente a existência de um partido comunista com tais características é que vai possibilitar que coloquemos os movimentos conjunturais, táticos, no rumo da estratégia socialista. Do contrário, apenas realizaremos uma confirmação pela esquerda da democracia burguesa, eleitoralistas e reformistas que seremos.

Neste sentido, proponho algumas iniciativas dentro do projeto político do PCdoB do Paraná sobre o qual a nova direção vai se debruçar.

1) Promover, a partir de planejamento participativo e competente e sob rigoroso monitoramento, uma auditoria na situação de toda a estrutura partidária, município por município (situação legal, número de filiados, situação da direção, etc.). Tal auditoria nos fornecerá um retrato da situação orgânica do Partido no Estado.

2) A partir dos resultados dessa auditoria, promover a regularização das situações de acordo com os estatutos, incluindo a reestruturação das macro-regionais. Essa iniciativa colocará a organização do Partido apta a aplicar seu projeto político.

3) Implementar e garantir a autonomia do CM de Curitiba em relação à direção estadual. Esta deve olhar para o Estado no seu conjunto e deixar de se concentrar na capital.

4) Resolver o caso de Wenceslau Braz, que se arrasta há meses, sem solução. Da mesma forma, zerar todos os casos em curso na Comissão de Controle.

5) Formular e iniciar a implementação de uma política estadual de quadros, a ser dirigida por um departamento específico, em conexão com o Departamento Nacional de Quadros João Amazonas.

6) Ajustar a estrutura de formação e comunicação à realidade do CC, com a formação incorporando a propaganda.

7) Efetivar a representação estadual da Fundação Maurício Grabois.

8) Integrar a representação local do Cebrapaz nas atividades regulares do Partido.

9) Formular a iniciar a implementação da escola estadual, dentro de uma política local de formação.

10) Restaurar a comunicação partidária, a partir da otimização do blog do CE e de outros instrumentos de comunicação entre as instâncias de direção e entre os militantes e filiados em geral, assim como a comunicação com o conjunto da sociedade, em particular com os trabalhadores.

11) Formular e iniciar a implementação dos planos setoriais do Partido no movimento social (sindical, juventude, mulheres, etc.) a partir de encontros estaduais.

12) Formular a iniciar a implementação sistemática e competente de uma política profissional de finanças.

13) Aperfeiçoar a gestão partidária, profissionalizando-a, sem o que nenhum dos planos vingará para além das nossas intenções.

Estas são algumas sugestões, entre tantas outras que devem povoar a sabedoria coletiva. A nova direção, imediatamente após a realização da conferência, deverá se debruçar sobre o desafio de construir o projeto político do PCdoB no Paraná, de tal modo que esteja concluído e já em implementação quando se realizar a conferência ordinária, no segundo semestre.

Com este terceiro artigo, encerro minha participação na Tribuna de Debates. Espero ter contribuído para que o nosso Partido supere seus impasses no Estado.

Até a conferência, camaradas!

*Luiz Manfredini é jornalista e escritor, membro do Comitê Estadual e de sua Comissão Política, representante no Paraná da Fundação Maurício Grabois, colunista do sítio Vermelho e membro do Conselho Editorial da revista Princípios.