Fomos capazes de produzir um documento de boa qualidade política, que baliza nossa conferência extraordinária. Identificamos as causas principais que levaram o Partido à profunda crise gestada e irradiada a partir do núcleo principal de direção.
Superamos a resistência dos que afirmavam a inexistência da crise e dos que defendiam que simples ajustes solucionariam os problemas constatados.
O Partido está desafiado a debater ampla e profundamente os problemas políticos, ideológicos e organizativos históricos que o perseguem no Estado, cujo acúmulo provocou sua atomização e, consequentemente, sua aguda debilidade em todos os sentidos. Não há como adiar essa reflexão crítica e autocrítica, razão pela qual o Comitê Estadual, em sua reunião plenária de 11 de dezembro do ano passado, resolveu convocar a conferência extraordinária do próximo dia 30.
Ainda que sumariamente, podemos enumerar as questões centrais da crise em que vive o partido neste momento:
1) A inexistência de um projeto estratégico articulado e sistêmico, com base no conhecimento científico da realidade econômica, social, política e histórico-cultural da sociedade paranaense
2) A concentração, por mais de uma década, de todos os esforços do partido no projeto institucional-eleitoral, tornando-o praticamente exclusivo na agenda partidária. A obsessiva busca da eleição de um deputado federal – independente das circunstâncias políticas reais - foi a tônica desse processo.
3) Na ausência de um projeto político (como o descrito no item 1), fomentou o espontaneísmo e o voluntarismo, o que contribuiu para dispersar a militância.
4) O Partido moldou-se às demandas meramente eleitorais, não criando substancia política, ideologia e organizativa.
5) Não se estabeleceu em profundidade inserção social na extensão e na profundidade necessárias.
6) Praticamente inexistiram a luta de idéias e a crítica e autocrítica, predominando métodos burocráticos ao invés de democráticos na solução dos problemas.
7) A centralização O núcleo de direção centralizou a tomada de decisões, contribuindo para esvaziar as demais estruturas partidárias.
Ao sistematizar tais pontos (entre outros) o documento-base da conferência extraordinária estabeleceu a centralidade da crise no próprio Partido, principalmente em seu núcleo central de direção, que nunca conseguiu se estabilizar nos últimos anos. Tal realidade gerou alguns dos fatores responsáveis pela extensa e profunda derrota eleitoral do Partido em outubro do ano passado.
Vemos, portanto, que a crise a que o Partido foi lançado no Paraná coloca, para o conjunto da militância, a tarefa inadiável de reconstruí-lo, num esforço de conjunto que deverá começar, em minha opinião, com a crítica e autocrítica, coletiva e individual, dos erros cometidos.
Essencial será elegermos uma nova direção comprometida com a nova etapa que o Partido deverá viver no Estado. Uma direção renovada que combine a experiência de quadros provados e a energia e a disponibilidade de jovens militantes Essa direção, entre outras responsabilidades, conduzirá o Partido rumo à produção do seu projeto político para o Estado, produzindo, em torno dele, a necessária unidade para a ação.
Em traços gerais, estas são algumas das idéias que posso apresentar ao Partido nesse momento grave- mas ao mesmo tempo promissor - que ele vive no Paraná. Espero poder ampliar e aprofundar minha contribuição nas atividades posteriores à conferência extraordinária.
* José Ferreira Lopes, o Dr. Zequinha, é medico, membro do Comitê Estadual, de sua Comissão Política e presidente do Partido em Curitiba.