"A massa não é apenas objeto
da ação revolucionária; é sobretudo sujeito".
Rosa Luxemburgo
A Conferência Extraordinária do PCdoB do Paraná, que culmina na Plenária estadual de delegados em 30/04, enche-nos de esperança e instiga ao enfrentamento das imensas dificuldades vividas por nosso Partido no estado. A procura do caminho para resolução dos empecilhos que atravancam a transformação de nosso Partido em um instrumento vigoroso de lutas dependerá de nossa maturidade como do exame crítico e autocrítico já em curso do qual o documento-base é expressão. Este documento, que trata de forma rigorosa os problemas do partido no Paraná, fornece diagnósticos e balizamentos para dar conta, de forma coletiva, na construção de um novo projeto politico dos comunistas para o estado. Projeto que abra de fato um novo ciclo, e assentado em planejamento de médio prazo. O destino do Partido está em nossas mãos, em nossas mentes e corações.
A partir de trechos apontados no documento-base, reafirmo aqui, como uma das grandes fragilidades do recente período do PCdoB-PR, a falta de um planejamento e de ação cotidiana junto aos movimentos sociais, problema grave que, em minha avaliação, caminha ao lado da crise eleitoral, constituindo-se em entrave para o crescimento do partido e para a inserção de sua política no seio das massas dispostas a lutar.
Mirando a frase de Rosa Luxemburgo, que abre esta breve reflexão, penso que o olhar do PCdoB-PR sobre os movimentos sociais foi mais em sentido utilitarista de curto prazo sem a preocupação de trabalhar para constituí-los como protagonistas e sujeito histórico da luta pela nova sociedade almejada.
Um dos aspectos fundamentais em 2011, e ao longo do mandato da presidenta Dilma, será a mobilização dos trabalhadores e demais movimentos de sentido progressista para fazer avançar as mudanças, as reformas estruturais democráticas e se construir um novo projeto nacional de desenvolvimento. Para que o Paraná tenha papel mais destacado neste processo, nesta nova fase de lutas partidárias, é preciso dar centralidade à luta dos comunistas no seio dos movimentos sociais, mas com planejamento de metas e controle de sua escrupulosa execução.
É preciso que no Paraná o PCdoB enfrente esta enorme debilidade e fortaleça também a vertente da intensa inserção nos movimentos sociais, ao lado das vertentes da atuação político-institucional e da luta das ideias, como o tripé que impulsione nossa organização a ser partido de vanguarda e também numericamente extenso.
A subestimação dessa orientação tornou-se obstáculo ao desenvolvimento da tática partidária, pois a falta de uma direção para cuidar dos movimentos sociais, antenada e articulada com toda a direção partidária, fragilizou nossa atuação, dispersou nossos militantes desta frente e impediu que potencializássemos no Paraná a atuação dos comunistas nas lutas de massas.
Assim, reforço a proposta do documento-base que indica que a frente dos movimentos sociais seja acompanhada diretamente pela nova presidência do Comite Estadual. O camarada que assumirá a secretaria estadual de acompanhamento desta frente precisará dispor de estrutura e tempo, para pensar e construir um plano com base na realidade concreta das forças sociais de nosso Estado, ao lado da juventude, das mulheres e trabalhadores em torno da CMS. A CMS, por sinal, que no Paraná está distante da cor vermelha da política comunista, mas deve perseverar o PCdoB-PR para contribuir decisivamente nas jornadas de lutas que se avizinham, atuando com maior protagonismo nessa articulação dos movimentos.
* Elza Maria Campos – Integrante da direção estadual do PCdoB do Paraná; Coordenadora Estadual e Nacional da União Brasileira de Mulheres.